Na noite desta sexta-feira (23), a Câmara Municipal de Parnaíba prestou homenagem aos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais da cidade pela passagem da data comemorativa dos profissionais, celebrada no último dia 13. A sessão solene também teve como objetivo prestar o reconhecimento e agradecimento do legislativo municipal pela imprescindível atuação dos trabalhadores no enfrentamento da Covid-19, bem como no processo de reabilitação dos pacientes acometidos pela doença. A sessão foi uma propositura dos vereadores Zé Filho Caxingó (PL) e Ricardo Veras (Republicanos), fisioterapeutas por formação e atuação profissional.

O ato foi presidido por Zé Filho, sendo que também fizeram parte da Mesa de Honra o vereador Ricardo Veras e a vereadora Neta Castelo Branco (DEM), o presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 14° Região (Crefito 14), Rodrigo Amorim, a terapeuta ocupacional e conselheira do Crefito 14, Nágila Azevedo, o coordenador geral da Fisioterapia no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda) e do Hospital Nossa Senhora de Fátima, Thiago Judah, o médico da Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba e que também dirigiu o Hospital de Campanha Nossa Senhora de Fátima, Darllan Barros, além dos fisioterapeutas Antônio José Soares de Sá Júnior, Husseman Bandeira Alves e da médica Ana Beatriz Correia Carneiro.  Entre os demais parlamentares, marcaram presença Ronaldo Prado (Cidadania), Daniel Jackson (Solidariedade), Renatinho, Assis Car (PROS) e Renato Bittencourt (PTB).

Ao fazer uma retrospectiva sobre o surgimento da profissão, o presidente do Crefito 14 destacou as intempéries que a categoria profissional tem enfrentado, tendo ganhado mais visibilidade a partir a pandemia, quando a presença do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional tornou-se indispensável dentro das enfermarias e das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

“A Pandemia veio mostrar que a equipe hospitalar não é formada somente por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem. Que também existe o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. E esses profissionais que até então por vezes eram esquecidos, ganharam visibilidade pelo cuidado com o paciente e, a partir daí, passamos a ganhar um certo protagonismo”, destacou.

Trazendo dados científicos sobre a pandemia no Brasil, Amorim informou que nas UTIs onde não haviam fisioterapeutas 24 horas de plantão, o número de óbitos foi bem maior.

“A pandemia veio evidenciar isso, no entanto, ressalto que mesmo antes deste momento histórico que estamos atravessando, as pesquisas já apontavam que UTIs que possuem um fisioterapeuta 24 horas, diminuem o tempo de internação do pacientes, diminuem as complicações de uma enfermidade, reduzem o número de óbitos, bem como os custos para o erário público”, garantiu.

“Quando a assistência não é multiprofissional tanto no hospital, quanto na Atenção Básica (postos de saúde), morrem mais pacientes. Então, temos também uma grande preocupação com a Atenção Básica. Felizmente nos hospital Covid do Piauí os fisioterapeutas estava lá, trabalhando no ventilador mecânico, na mobilização do paciente, no processo de entubação e extubação. Muitos pacientes perderam suas ocupações, vindo a sofrer limitações, com dificuldades para sentar, sair do leito e até mesmo o simples processo de abrir uma porta. Ademais, ainda tivemos o fator psicológico e neste ponto entrou o trabalho primoroso do terapeuta ocupacional, promovendo as ocupações diárias do paciente, a fim de promover o retorno gradual às suas atividades cotidianas. A partir daí dá-se para entender que a fisioterapia e a terapia ocupacional são duas profissões diferentes, mas que se complementam”, explicou o presidente do Crefito 14. Ele discorreu ainda sobre a defasagem salarial da classe que não chega a ganhar dois salários mínimos.

“Não estamos aqui para discutir o salário de outros profissionais da medicina, mas sim o nosso, pois temos a mesma competência e salvamos vidas da mesma forma que o médico e o enfermeiro. Infelizmente temos cidades que ainda não implantaram um plano de cargos e salários. Então, hoje aproveitamos para pedir apoio da Casa de Leis de Parnaíba e do gestor maior da cidade para que o prefeito também se sensibilize com a causa, pois não queremos ter dois, três empregos, cargas super intensas para poder compensar nosso salário. O que precisamos é de um salário condizente com a nossa profissão”, pontuou o fisioterapeuta.

Amorim também mostrou preocupação no que tange ao desmonte nacional do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e alertou para que o mesmo não chegue a Parnaíba.

Ao fazer uso da fala, Najla Azevedo discursou sobre as visitas e capacitações que a equipe do Crefito 14 realizou em vários municípios, com efetivação de parcerias bastante produtivas. No entanto, ela lamentou o fato de o município de Parnaíba não ter possibilitado a presença de terapeutas ocupacionais dentro das UTIs Covid.

“Essa somatória do Conselho com o poder público é extremamente significativa. Não posso também de destacar o apoio direto que tivemos do secretário estadual de Saúde, Florentino Neto, que esteve conosco nos auxiliando nas capacitações, fazendo a ponte para que fosse possível chegarmos aos municípios uma vez que esta tratativa não é nada fácil, pois estamos lidando não somente com Parnaíba e Teresina, mas com todo o Estado. Foi um trabalho grandioso e precisamos agradecer a todos, pois o trabalho dos profissionais foi primordial para salvar vidas, entretanto, se não tivéssemos o apoio dos vereadores, prefeitos e do secretário Estadual de Saúde, nada disso teria acontecido”, pontuou Najla.

Tiago Judá fez um panorama sobre o período difícil vivido pelos profissionais no auge da pandemia na Ala Covid do Heda, quando além da imensa responsabilidade de salvar vidas, mais uma vez tiveram que se deparar com a falta de recursos e de profissionais, sendo que os poucos disponíveis ainda precisavam dar plantões em municípios vizinhos.

“Na cidade de Parnaíba tínhamos toda a fisioterapia como uma equipe. Primeiro montávamos a escala do Hospital Dirceu Arcoverde e esta mesma equipe se revezava para atender o Hospital de Campanha Nossa Senhora de Fátima, eram os mesmos profissionais se revezando exaustivamente. Foi uma batalha árdua, angustiante, tivemos colegas excelentes que não aguentaram a carga psicológica e não puderam dar continuidade. Felizmente nossa fisioterapia foi reconhecida, mas também, infelizmente ainda não é valorizada como deveria. Finalizo minhas palavras agradecendo pela oportunidade de estar aqui e pela homenagem”, disse.

Seguindo a mesma linha de raciocínio dos oradores que o antecederam em tribuna, o médico Darllan Barros igualmente pontuou que sem a ausência de um profissional fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional dentro dos hospitais, haveriam muito mais problemas relacionados a todo tipo de patologia.

Os parlamentares Ronaldo Prado, Neta, Daniel Jackson, Renatinho, Assis Car e Renato Bittencourt destacaram a necessidade dos trabalhadores serem mais valorizados pelas entidades públicas e se colocaram à disposição da categoria.

Zé Filho Caxingó agradeceu a presença de todos, ao tempo em ressaltou a importância da atividade profissional para a saúde.

“Não poderíamos deixar passar em branco uma data tão importante, principalmente depois de um período tão difícil e que ainda exige cuidados. Os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais deixaram uma grande marca e evidenciaram realmente o tremendo papel da nossa profissão, durante todo esse período arriscando a própria vida para salvar a de outras pessoas. O fisioterapeuta trabalha desde a capacidade pulmonar até possibilitar ao paciente o retorno às suas atividades diárias. Muito obrigado a todos os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais”, disse Zé Filho.

Logo depois, o colega de profissão e de parlamento, Ricardo Veras, também enalteceu o papel dos trabalhadores que, de acordo com ele, deveriam ser mais reconhecidos e disse que a Câmara está à disposição das demandas da categoria para lutar pela realização de concurso público, e reposições salariais e melhorias trabalhistas.

Ascom / CMP

 

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